30/05/2019

Os efeitos da pandemia nas refeições de crianças e adolescentes

Os efeitos da pandemia nas refeições de crianças e adolescentes

Seguindo a linha de várias publicações a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), promoveu um webinar no dia 10 de junho. O tema foi “Covid-19: situação nutricional de crianças e adolescentes — perspectivas após o distanciamento social”. O evento foi realizado pelo Instituto PENSI, em São Paulo, uma organização da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e teve o apoio da Abeso e de outras sociedades médicas. O webinar contou com a participação de especialistas brasileiros, da Espanha e de Portugal.

O objetivo do evento foi tentar entender se houve mudança na alimentação de crianças e adolescentes, pra melhor ou pior, durante a quarentena. Nos países como Espanha e Portugal já há afrouxamento do isolamento, depois da diminuição da curva de transmissão da covid-19. Mesmo assim não há um estudo que confirme se houve esta mudança de hábitos de crianças e adolescentes.

O nutrólogo Mauro Fisberg, professor da Universidade Federal de São Paulo e membro do departamento de obesidade infantil da Abeso, que foi o coordenador do webinar, acredita que a mudança foi positiva. “Muita gente começou a cozinhar. As famílias planejaram o cardápio como nós, profissionais de saúde preocupados com a obesidade, sempre preconizamos. As crianças participaram das atividades na cozinha e, em alguns casos, o esquema de home-office dos pais permitiu que todos fizessem refeições juntos”, disse ele.

Porém também há a ideia de que essas crianças e adolescentes tenham consumido mais doces e fast-food, o que pode levar a um aumento considerável de peso. O pediatra Luis Moreno Aznar, professor da Universidade de Zaragoza, na Espanha, se mostrou preocupado: “Existe uma forte possibilidade de que tenha aumentado demais o consumo de alimentos processados com alta densidade energética na Espanha.” E falou isso apesar de alguns dados citados por ele próprio apontarem para outra direção.

Um estudo publicado na Revista Española de Nutrición Comunitaria entrevistou cerca de mil Espanhóis pela web. O resultado? 72% deles estão comendo mais frutas, 25%, mais ovos, 23% andam colocando mais legumes no prato e 20% passaram a consumir mais peixes. As crianças da casa, em tese, seguiriam essa dieta mais saudável também. Mesmo assim, o professor Luís Moreno justifica que “Perto de 78% dos respondentes tinham nível universitário e isso decididamente não é representativo da Espanha”.

Já em Portugal, 47% das pessoas capricharam em bolos, pasteis de nata e afins, segundo o nutricionista Sergio Cunha Velho, do Hospital Pediátrico de Coimbra. Esse dado foi extraído de um questionário online aplicado em 1.346 portugueses. Para o nutricionista, chega a ser lógico observar tamanho apetite por doces: “A pandemia aumentou o estresse e ele, por sua vez, notoriamente está associado a um maior desejo por açúcar”.

A nutricionista Michele Alessandra de Castro, que atua na Coordenadoria de Alimentação Escolar (CODAE) da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, trouxe os dados brasileiros. No início de sua fala, Michele fez questão de dar um panorama do nosso cenário antes da pandemia. E ele já era grave: “38% das crianças entre 5 e 9 anos que frequentam a rede municipal paulistana estavam acima do peso quando a covid-19 chegou no país”, revelou.

Agora, pelos primeiros dados levantados durante o período de confinamento em casa, nota-se que nas populações mais vulneráveis houve uma queda importante na qualidade nutricional das refeições da garotada. Até porque as crianças e os adolescentes deixaram de almoçar e lanchar na escola.

Os profissionais de saúde interessados ainda podem assistir a esse webinar pelo link: http://ead.ensinosabara.org.br

As informações foram retiradas do link: https://abeso.org.br/os-efeitos-da-pandemia-nas-refeicoes-de-criancas-e-adolescentes/